Curso de Iniciação à Falcoaria

Curso de Iniciação à Falcoaria

No dia 29 de abril o FALCO marcou presença na terceira e última sessão do Curso de Iniciação à Falcoaria, promovida pela equipa Falcões no Oeste, encerrando um conjunto de três sessões que visaram a formação dos investigadores do projeto FALCO.
Depois do primeiro encontro, a segunda sessão, que ocorreu no dia 11 de março, contou com a participação da médica veterinária Cristina Almeida, diretora clínica da Exoclinic-Clínica Veterinária de Aves e Exóticos de Lisboa, que explorou o processo evolutivo das aves de presa, os principais elementos da sua constituição anatómica, as doenças mais comuns e a importância da observação animal para a deteção de problemas de saúde. Teve também lugar uma exposição teórica acerca da reprodução das rapinas e dos tipos de criação. Sucedeu-se uma aula prática onde foram apresentados os equipamentos que servem à falcoaria, seguida de uma oficina que visou a aprendizagem de técnicas manuais tradicionais utilizadas no seu fabrico.
O último encontro, a 29 de abril, aconteceu, no período da manhã, nas instalações da empresa Falcões do Oeste, onde são mantidas e cuidadas as aves de presa. Esta visita foi guiada por Paulo Pereira, falcoeiro, e Sónia Pires, médica veterinária. Durante a tarde, os investigadores do FALCO tiveram a oportunidade de assistir a uma demonstração de voo, orientada pelos falcoeiros Maria Ribeiro e Ricardo Peres, na Tapada de Mafra, que contou com a participação de: Mulan (Coruja-das-torres), Maximus (Águia-de-harris), Buddha (Bufo-real) e Hórus (Falcão-lanário)!
Os investigadores e participantes que compareceram neste Curso de Iniciação à Falcoaria – Tiago Viúla de Faria, Carlos Pimenta, Ana Paiva Morais, Filipa Soares, Diana Martins, Afonso Soares de Sousa, Joana Gonçalves, Cristina Chernova e Gabriel Faria – beneficiaram não só do conhecimento transmitido nos diversos módulos desta formação, como também do diálogo, formal e informal, profundamente estimulante para a compreensão da relação entre humanos e aves de presa, essencial para a interpretação dos dados que têm sido recolhidos no âmbito do projeto.
Através desta riquíssima experiência, ficou patente a importância fundamental de estabelecer pontes entre o estudo histórico, a zooarqueologia, biologia, veterinária e a prática contemporânea da falcoaria, como herdeira e prova viva de uma prática milenar.
Estas aves selvagens, mantidas em contexto doméstico, mas com um instinto natural predatório apurado, obrigam a uma interação muito distinta daquela que, habitualmente, se estabelece com os animais domesticados. Da mesma forma, os cuidados com a saúde e bem-estar destas aves requerem uma atenção e observação comportamental redobrada e um cuidado e tratamento constante, de elevada complexidade, que tivemos oportunidade de conhecer.

Afonso Soares de Sousa (IEM/NOVA-FCSH)